quarta-feira, 1 de abril de 2015

Mídia tendenciosa e seu impacto em sociedades fragilizadas

É inegável o avanço que ocorreu com os meios de comunicação desde as duas últimas décadas. A velocidade de propagação da informação atingiu um nível jamais visto. A internet e os dispositivos eletrônicos como celulares transformaram qualquer cidadão de hoje em um "repórter" em potencial. As redes sociais são o canal aberto e direto entre qualquer cidadão e o mundo. Logo, não há mais controle para informação, uma vez na internet - jamais será privado novamente. E todas essas ferramentas também se transformam em uma arma na mão do cidadão de bem, como por exemplo quando o mesmo flagra e registra qualquer arbitrariedade. Até porque a liberdade de expressão é notoriamente um direito constitucional, o problema surge quando parte da mídia/imprensa oficial, que teoricamente teria de ser preparada para o cumprimento de sua função social, a utiliza para manipular e formar a opinião pública de forma distorcida, parcial e apelativa.

O fato é que o povo carece de informação de qualidade e infelizmente para agravar a situação, o mesmo não foi culturalmente preparado para ir em busca da mesma. Sendo assim, aceita e assimila facilmente tudo aquilo que lhe é vendido. Isso podemos perceber pela qualidade das programações das tvs abertas, por exemplo. Caso o cidadão não disponha de recursos para custear uma tv paga, estará condenado a receber dentro da sua casa um festival de futilidades. Mas aí alguns falarão: "tudo isso é uma questão de gosto!" No entanto, quando uma sociedade ainda não se encontra amadurecida culturalmente falando, seria justamente através desses meios de comunicação que poderia ajudar a dar início a uma mudança cultural. Isso para não comentar o tom partidário adotado por algumas emissoras e rádios.

A mídia também parece insistir em mostrar para o jovem que hoje os valores a serem cultuados são outros e que aqueles que questionam é porque são conservadores, independente de se analisar criticamente a razoabilidade dos argumentos.

Imaginem agora em um mesmo território: falta de investimentos eficazes em Educação; carência de estrutura familiar; culto excessivo ao consumismo; desigualdade de oportunidades; declínio da credibilidade da população nos meios de controle sociais e instituições em geral; sentimento de desamparo do povo por parte dos seus representantes, escândalos sucessivos e progressivos de corrupção, economia fragilizada e a tudo isso acrescentemos uma mídia fomentando o consumo desnecessário e o estímulo a ridicularização de valores e costumes antes tidos como importantes.

A conscientização intelectual é justamente aquilo que separa um povo esclarecido de um povo alienado.
Enquanto o beijo entre duas mulheres em uma novela for capaz de despertar mais interesse do que qualquer debate político, certamente estaremos condenados a continuar sendo referência maior no exterior  em futebol, carnaval, turismo sexual, corrupção ...

Mas com tudo isso, o povo ainda consegue sorrir. Então, como diria João Ubaldo Ribeiro: “viva o povo brasileiro!”


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